O regresso ao trabalho está perto. Sinto-me enferrujada, mal-habituada por não me levantar cedo a muito tempo, e claro, com um tamanho que mete respeito. Tenho evitado pensar no assunto para fugir à ansiedade. Tenho evitado alimentar expectativas para não ser como da última vez. E sobretudo, não sei quem sou depois da tempestade. Tenho estado resguardada para evitar perguntas, por me sentir frágil. Porque precisei deste tempo para mim. Escondi-me por opção, confiei na terapêutica (...)
Trocava a minha vida pela da minha mãe. Quem devia ter sobrevivido era ela, não eu. A minha mãe estava á minha espera, uma casa em construção, tudo em andamento. O derrame cerebral aconteceu... e foi preciso tocar a vida p'ra frente. Eu era bebé, não senti nada, não sofri. Mas ganhei um fardo auto-imposto para o resto da vida: a comparação. O querer ser como ela. Nunca me achar boa. Por vezes, nem me achar gente... Queria morrer porque a realidade me doia a cada dia na pele. (...)
Não planeei este regresso. Foi uma ideia súbita, talvez por ter falta de quem me "oiça" , talvez porque sempre fui melhor a escrever do a falar sobre o que sinto, talvez o chamamento dum passado onde já fui feliz... e agora sou a dor, as mazelas e as mazelas da dor. Tudo assim , ao molho e fé em Deus.
Tenho um diagnóstico de esgotamento nervoso/ burnout. Tenho 10kgs a mais e a auto-estima no lodo. Tenho um mindinho estranho porque perdi parte dele num acidente de trabalho. Tenho (...)