A morte é a minha única amiga de sempre. Conhecemo-nos mal nasci, começou por ser uma sombra, depois fez-se presente quando me foi levando os avós, um a um, andava a meu lado quando tinha medo do escuro e tinha medo a caixões. Aparecia-me em pesadelos, pois foram anos e anos a sonhar com cemitérios. Depois foi levando conhecidos, um ou outro que se entregava nos seus braços por não aguentarem mais, por lhes pesar a humanidade e quererem voltar a ter a leveza do vento...e ela (...)

Sou daquelas pessoas que pode receber chamadas do trabalho a qualquer hora. E enquanto ele não se chatear, até nem há problema. "A minha vida é isto"- digo-lhe eu num tom entre o meigo e o culpado. Até porque o conheci justamente nesta minha vida itinerante... e antes dele a minha vida era o trabalho. Com ele tenho mesmo que fazer "reset", ou acabo a levar problemas para a relação que nem tem a ver. Uma coisa é pedir-lhe ajuda e ou conselhos, outra coisa é estar chateada com (...)