A terapia tem-me ajudado a olhar para momentos insignificantes do passado com outros olhos, como chave ou explicação para algumas situações do presente. Tenho feridas saradas que jamais pensei conseguir curar. Medos e ideias feitas que se foram. É bom ter quem nos oiça. É bom ser entendida e, sobretudo, compreendida. É doloroso. Mas vale a pena. Mesmo. Tenho um transtorno alimentar. Isso já sabia. Sempre descontei tudo na comida. Ter a barriga bem cheia calava a dor, fazia-me (...)
O regresso ao trabalho está perto. Sinto-me enferrujada, mal-habituada por não me levantar cedo a muito tempo, e claro, com um tamanho que mete respeito. Tenho evitado pensar no assunto para fugir à ansiedade. Tenho evitado alimentar expectativas para não ser como da última vez. E sobretudo, não sei quem sou depois da tempestade. Tenho estado resguardada para evitar perguntas, por me sentir frágil. Porque precisei deste tempo para mim. Escondi-me por opção, confiei na terapêutica (...)
Não planeei este regresso. Foi uma ideia súbita, talvez por ter falta de quem me "oiça" , talvez porque sempre fui melhor a escrever do a falar sobre o que sinto, talvez o chamamento dum passado onde já fui feliz... e agora sou a dor, as mazelas e as mazelas da dor. Tudo assim , ao molho e fé em Deus.
Tenho um diagnóstico de esgotamento nervoso/ burnout. Tenho 10kgs a mais e a auto-estima no lodo. Tenho um mindinho estranho porque perdi parte dele num acidente de trabalho. Tenho (...)