O tempo não espera
E tem sido cruel comigo. A doença veio depois de um acidente de trabalho num sítio onde detestava estar, onde era mal vinda desde que pus lá os pés num primeiro dia de quase dois anos e meio. Na altura sentia-me com coragem para enfrentar tudo e todos, nada me afectava (achava eu!). Eu ia sair gloriosa da situação e a outra colega ia embora. Final feliz. E efectivamente ela foi embora, no dia seguinte foi o meu último dia lá. Ironias... Depois passei meses sem querer ver ninguém, sair de casa era um suplício. Não queria ser julgada por olhares ou bitaites alheios. Era a minha dor e estava a proteger-me o melhor que pude e sabia.
O tempo de paragem deixou estragos. Perdi agilidade, ganhei corpulência. Deixei de ser reativa. No emprego seguinte deixei-me pisar e deu asneira. Acabei mandada para casa, 6 meses depois e após falharem todas as tentativas deles para que me despedissem. Resisti, nem sei como. Voltei a mudar de ares e a falta de agilidade deixa-me insegura. Ando sempre a tentar apanhar sinais positivos ou negativos, com medo... É difícil conseguir superar as expectativas dos outros, que nem sei quais são. Mais difícil é chegar a casa satisfeita pelo trabalho que fiz. Parece sempre pouco, não sei....