Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

o lado negro da princesa

o lado negro da princesa

As mães das outras

16.02.25, Mary

Não me lembro de ter um elogio da parte da minha mãe. Estava sempre abaixo das expectativas, podia ser mais girly ou mais sensual ou mais hábil de mãos. O supremo da humilhação foi um dia perguntarem se a minha mãe era minha filha. Juro. Nunca me senti tão mas tão patinho feio. Sentimento que me acompanha até hoje, o de não ser capaz, não chegar a essa meta inverosímil, não ter segurança e confiança em mim mesma e pior é acabar em situações que me deixam na corda bamba, como se eu fosse um íman de azares... Tenho uma colega no trabalho que é o extremo oposto da minha mãe. A filha dela é estupenda,incrível, maravilhosa,  capaz de mexer cordelinhos onde tiver que ser, um exemplo, um orgulho, uma menina com tantos predicados que só é atingível por um homem igual ou ainda mais estupendo. Não me sinto inferior, acho é caricato porque sinto que está a mentir com os dentes todos. A minha mãe estraçalhou-me o meu emocional. A colega está a por uma super pressão na filha. Enfim...

Não sou boa o suficiente para estar ali

15.02.25, Mary

Voltei ao ativo feliz da vida e esperançosa de ter estabilidade por uns tempos. Voltei para ser diferente, para desta vez ser melhor, ia ser melhor, eu já não era a mesma. Esse é o ponto. Desde o início do ano que são pressões atrás de pressões, estabiliza a depressão, tens de ser mais rápida, tens que fazer por valer a oportunidade que te foi dada. E tantas e tantas vezes a lágrima escapa, pela frustração de não ser o que eles querem, de sentir e saber lá no fundo que no fim do mês vou para o desemprego, sem nada no horizonte, talvez me atire duma ponte, talvez volte à fase marada da depressão. Mudanças na minha vida sempre foram graduais e não imediatas, quem me dera conseguir tal feito mas não consigo. Não chego lá. Falhei ou voltei a falhar. Não tenho jeito para nada. Já não tenho a agilidade dos 20. E é isto. Acho que me vou esconder num canto a ver se isto passa, a ver se se esquecem de mim...

Mundo meu

11.02.25, Mary

Quando era mais pequena passava na TV uma novela cuja heroína se chamava Rita e veio de França e foi viver com o avô e apaixonou-se pelo Carlos mas a mazona da Sofia também gostava e atanazava a vida da Rita forte e feio. Era passada no Algarve e eu sonhava com aquele mar e a areia e ser alegre como a Rita, eu cá na minha parvónia sem ter visto o mar ao vivo... era aquela vida que sonhava pra mim, assim leve e feliz... sem esta dor na lombar e em ambos os joelhos e sei lá mais onde. Naquela altura ainda podia sonhar, não tinha noção dos limites da vida. E não sabia que daqui ao Algarve são 8h de viagem. (Já não há, já não és, o mundo a meus pés...)

Pragmatismo

09.02.25, Mary

Para o patrão, sou um peso em impostos. Para os RH, um nome na folha de pagamentos. Para o encarregado geral sou um problema e os problemas atiram-se pra canto. Para os colegas, sou a estranha da equipa. Para a equipa sou um suplente que só mostra o que vale quando não houver mais ninguém. Para a família sou a arrogante que não fala a ninguém ou a que devia ter ido para os anjinhos com a mãe. Para os estranhos com que me cruzo sou apenas uma fulana despenteada e mal vestida. E para mim sou...uma mente inquieta, uma alma leve e um ar sempre meio arisco, e uma luz que perdi não sei bem onde. O peso do perfeccionismo deu cabo de mim e quando alguém me critica mal sabe que ainda sou mais implacável comigo mesma. Não sei onde vou chegar nem a que horas porque é provável que me perca no caminho e nunca lá chegue...

Ninguém quer saber

09.02.25, Mary

Vejo-me obrigada a controlar a depressão. Ou isso ou vou para o olho da rua. Falam da doença como se fosse linear, simples e a mesma coisa. Mas não é. E ninguém quer saber. Puseram-me uma lâmina a pairar sobre a cabeça e agora o corpo somatiza. Problemas digestivos, intestinais, sonhos sem nexo. E vejo-me obrigada a ir penar para aquele sítio. Ninguém quer saber. Não vale a pena explicar. Com tanto doente mental admira não haver um estatuto que nos proteja de alguma maneira. Ou está na hora de o criar.