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o lado negro da princesa

o lado negro da princesa

Sabão Clarim

30.12.24, Mary

Penúltimo dia deste ano tão desafiante. O aparecimento da depressão, todo o processo de aceitação tanto da doença como da medicação, os acertos e as falhas, as tentativas de suicídio, a incompreensão a minha volta... mudei de casa, para uma casa vazia que neste momento tem vida e cor. Mudei de emprego, o meu verdadeiro salto de fé. O momento de coragem do ano. Burnout. Esgotamento. Desaparecimento do olhar público. Ter tempo para me curar foi fundamental. Voltar ao trabalho, recomeçar, reconhecer-me novamente como trabalhadora. Sentir e saber o que mudou. Voltei a ser tia. Voltei a sentir a vida leve, mesmo por instantes, como quando as irmãs da instituição onde fui parar me davam banho com sabão clarim. Sentir aquele aroma traz-me paz. De que tanto preciso daqui por diante. 

Boas entradas!

Terapia

12.12.24, Mary

É muito mais do que escrutinar a nossa vida. É perceber a influência do passado no presente. É curar as feridas. É não ter medo de nos conhecermos a fundo, reconhecer as qualidades e assumir o lado sombrio. Esquecer a busca da perfeição. Assumir a própria personalidade, sem tretas. E isso é tão libertador...

Paradigma

11.12.24, Mary

Trabalho na agricultura. Não tenho licenciatura em nada,conclui o secundário com uma média simpática. Gostava de ter sido jornalista. Achava que tinha jeito para a escrita, só mais tarde percebi que não sabia (e não sei) contar histórias. Perdi as esperanças de viver dos meus sonhos. Agarrei-me ao que havia, trabalho no campo, e por lá continuo. Tenho um colega que é aluno de mestrado. Fez o caminho ao contrário. Foi parar ao campo para ajudar ao orçamento. Diz que a vida académica é difícil e cara. E eu venho para casa a pensar se comigo também tivesse tido ao contrário, será que me sentiria mais realizada? Talvez. Não sei. Talvez mesmo.

Fotografias

09.12.24, Mary

Era uma vez a base de uma casa. Sobre essa base cresceram paredes, divisões. Pintou-se a fachada e a varanda ganhou gradeado. A sala ganhou uma mesa grande onde cabia toda a gente. Havia um filho único, mimado por toda a gente. Havia gente que nunca mais entrou naquela casa. Os avós eram mais novos. Havia sorrisos. Um único casamento. Havia um ambiente bom. E eu vi isto tudo em fotografias tiradas antes da minha existência. O olhar matreiro do meu irmão que a filha herdou. A mesma expressão tímida. Havia a minha mãe viva. Nunca vi fotografias de nós duas, estando eu na barriga. E às vezes sinto que estraguei tudo. Eu nunca tive nada daquelas fotografias. Procuravam semelhanças. Choravam. Vi o negro do luto tantas e tantas vezes. Não tive os meus tempo suficiente. E tenho pena. A casa continua lá, outro casamento, a base esquecida, importa é o que se fez depois disso. E a vida segue. E eu sigo sem respostas.

Brilha, brilha lá no céu

02.12.24, Mary

Não estou a conseguir entrar no espírito natalício. A vida vai torta, está tudo caro. Até o barato está caro. Não há tempo para quase nada. O trabalho tornou-se exigente e absorvente. Sinto-me cansada. Sinto-me triste. Não é altura para isso, devia andar feliz a saltitar entre lojas a escolher presentes e a ver as iluminações por aí... Até porque vai ser a primeira vez em muitos anos que vou estar a trabalhar na véspera e no pós dia de Natal. E isso é deprimente. Muito deprimente. I'm coming home for Christmas... ho ho ho trabalha que as contas não se pagam sozinhas! :(