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o lado negro da princesa

o lado negro da princesa

Postcards from melancholy

05.10.24, Mary

Perdi o calor do Verão e a doçura da luz de Setembro. Tive férias insonsas, iguais a tantos outros dias. Não senti o cheiro das ervas secas, não me chateei com o caos em todo o lado tão típico de Agosto. Optei por me enclausar, em casa, no ninho, recuperando das dores, sarando feridas, chorando de dor e revolta tantas e tantas vezes... sinto que perdi o mundo lá fora, mas senti que também precisava disto. Passaram 3 meses desde que aquela conversa mudou a minha vida. E eu nesse dia não sabia que tinha uma entorse, um esgotamento e estava exausta mentalmente. Só jurei a mim mesma que nunca mais punha lá os pés. E cumpri.

 

Imbróglios

03.10.24, Mary

Tudo é lento,burocrático, impessoal. Tudo é difícil, humilhante por vezes. Tudo é vago,estranho. Tudo tem que ser aprovado e planeado e falado. Mas a conversa é vaga. Mas o foco não sou eu. Mas sou eu quem precisa. Parece que as pessoas se escondem em chamadas, à espera que apareça alguém melhor, mas não admitem e o tempo passa e tens a sensação de teres de lhes lamber os sapatos ou por-te a frente do carro. É uma resposta, custa muito encurtar e ser direto? Caramba...

A morte

02.10.24, Mary

A morte é a minha única amiga de sempre. Conhecemo-nos mal nasci, começou por ser uma sombra, depois fez-se presente quando me foi levando os avós, um a um, andava a meu lado quando tinha medo do escuro e tinha medo a caixões. Aparecia-me em pesadelos, pois foram anos e anos a sonhar com cemitérios. Depois foi levando conhecidos, um ou outro que se entregava nos seus braços por não aguentarem mais, por lhes pesar a humanidade e quererem voltar a ter a leveza do vento...e ela acolhia-os, com ternura, nada podendo fazer além disso. Tivemos dois embates fortes. Ganhei-lhe. Depois veio a depressão, e tentei mais que uma vez que me levasse. Não aceitou, fez-me ver que ela não era a solução, era uma fuga. Morrer não é renascer. Se me entregasse de vez a ela, não veria o fim da minha história, da minha vida. Dei-lhe razão, mas continuo com medo dela. Mas só quando a encaramos de frente é que vemos a maravilha que é viver. Cada dia é uma oportunidade. Bora.

Claro que dói.

01.10.24, Mary

Olhar ao espelho e ver este novo corpo a que não me quero habituar, onde não me reconheço. Notar os olhares e habituar-me a eles. Doi recomeçar, doi pensar que desta vez não tenho ilusões, tenho traumas e mágoas, e medo, muito medo. Dói toda a caminhada até aqui, meses de incerteza, acertos de medicação, viver ou pelo menos ir vivendo...olho lá trás, lá naquele dia em que me abriram a porta de saída e hoje, apesar de ainda haver tanta dor, posso agradecer. A vida dá voltas...o karma não me falhou e ainda bem!