Coisas de crescer
Ter tudo e mais alguma coisa dentro da mala de todos os dias.
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Ter tudo e mais alguma coisa dentro da mala de todos os dias.
A regularidade com que tenho vindo cá diz muito do tempo que tenho tido livre.
E um cansaço acumulado que parece nunca cessar...
Tenho saudades das horas livres que tinha antes dele, mas ao mesmo tempo não lamento.
Tempo na cama é precioso.
Tempo no terreno é complicado, o relógio no pulso tornou-se um aliado importante no trabalho.
Demoro demasiado tempo a acordar e ando a demasiado tempo a permitir que me façam de tonta. Frustrações...
Sou uma mulher mediana que de vez em quando se agiganta perante as merdas que lhe vão acontecendo na vida. Aprendi a ser prática e a superar as tristezas arregaçando as mangas e planear o que há a fazer. Porque a vida não se coaduna com estados de espírito. Segue.
Disciplina. Regras. Organização. Parecem palavras frias mas ajudam a manter a ordem mental até ao ser mais dramático.
Nem tudo são dores. É só não ter medo de trilhar caminho rumo ás flores
Existe, na igreja Católica, uma santa padroeira dos ciganos, regida pelo mesmo deus pelo qual o gajo Ventura se diz escolhido...
Fazem-lhe uma grande festa a 24 de Maio, em Saintes-Maries de La Mer, em França
A vida é muito curiosa...
Tenho saudades dele.
É uma saudade miudinha, que se instalou na mente e no peito e não mais saiu.
Ver as fotos e saber de cor onde tem a pele mais macia e mais massacrada pelos elementos, a textura do cabelo, as covinhas do sorriso...
E eu febril, preguiçosa e como se já não bastasse...choramingona.
Ele enche o espaço com as gargalhadas, que intercala com o sorriso dengoso, e aquele olhar de quem está a tramar alguma...
Está sol lá fora, mas querer mesmo queria o meu raio de sol de domingo aqui comigo.
Vão votar!
Não estou grávida.
Deu negativo!
Ufa...
Não estava a espera.
Gravidez para mim era daqui a uns tempos, quando tirasse o aparelho....
Quando ele se sentisse preparado.
Quando não andássemos cansados...
Provavelmente quando o Universo finalmente reunisse condições para a minha barriga virar um forninho...eu já não estava com ele.
Começou com os mamilos escuros.
Depois as mudanças de humor.
Os pesadelos.
E eu sorria ao espelho..."na, o método contraceptivo é eficaz..."
Ultimamente foi o cansaço.
E a frase da colega caiu-me como uma bomba no pensamento...
" Tudo em ti diz bebé".
Merda.
O teste está ali a espera.
Os nervos em franja...
O pobre do rapaz apavorado, e eu apavorada pelo risco de ficar sem ele numa altura que sempre sonhei ser mágica...
Mas não nego que secretamente até me sinto feliz.
A sensação geral é como estar meio mocada, meio alheada. E a azia...
Perdi apetite.
Ai, ai....
Começou o confinamento, aliás, a tortura que vai ser ficar longe dele por tempo indeterminado...
Começaram as ideias mirabolantes para ir ter com ele...
Não é justo.
Ele cheira a campo, num abraço que reconforta a tremenda paixão que tenho por ele.
E aquele aroma tão próprio ficou-me nas narinas, a textura da pele nos dedos, o beijo de despedida que tanto temi ter que lhe dar...
Dei, sufocada pelo choro, pela revolta na garganta...
Tantas excecções patetas..
Nenhuma me permite ver o meu rapaz.
Eu acho que estou gorda e ele diz que estou ótima.
Eu acho-me uma grande chata e ele desata a fazer cócegas.
Eu acho que não gosto assim tanto dele quando estamos longe. Mas mal chega sei que sinto exatamente o contrário.
Quando lhe digo que não consigo tem sempre maneira de me mostrar o contrário.
Quando acho que não me quer, vem todo sensualão e eu só me derreto...
Ele e o seu abraço que me aperta, o colo a que pertenço, o corpo onde me perco.
O homem por quem me apaixonei.
Ele é maravilhoso e não tem noção disso.
É o frio que regela os ossos e o ânimo...
É o cansaço...
São as distâncias. Acho que qualquer estrada no inverno parece eterna...
É o sono mal dormido, ter pesadelos é o meu novo must.
São as discussões por coisinhas, agigantadas ao fim do dia com tudo em cima.
É o stress que nunca cessa...
É a pandemia e as restricções, a ansiedade que causa, já não se sabe muito bem como se viver...
É o medo de o perder. É o constante meter os pés pelas mãos e tropeçar nas minhas próprias tropelias. Estou perdidamente apaixonada.
É a mão dele na minha. É o beijo e o peito que me afaga. São as gargalhadas. Quero finalmente encontrar paz interior para acabar com os demónios e seguirmos a vida.
Tornas tudo mais ligeiro, descomplicas com uma facilidade irrisória.
Tentar ser mais calma, mais ponderada.
É assustador sentir-me mais madura...
Porque me custa tanto estar longe de ti?
Os dias tornam-se morosos, vagarosos, sem cor...
Tu aí, e eu aqui sem ti.
Falta o teu cheiro, e o calor do abraço que falta, do beijo que fala por nós.
Do tanto que há entre nós...
Distância incluída.
O coração arrefece, mas a mente não te esquece.
É impossível.
Estás em todos os recantos onde já te beijei, onde te abracei, onde me perdi contigo...
Até este frio fica pior sem ti aqui.
Porque é que o meu mundo se tornou o nosso?
E sei exatamente o espaçamento dos teus dedos cruzados nos meus..
O teu destino cruzou o meu...
Mas tu não estás aqui...
Doí tudo sob o peso da saudade.
Mais do que a minha metade, és a melhor parte de mim.
Porquê?
Porque te amo.