Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

o lado negro da princesa

o lado negro da princesa

Bragança, Bragança....

29.03.25, Mary
Longe vão os tempos em que nas redacções de Português parecia filiada em algum partido e filava os dentes ao mau da fita da vez. Em que a professora me implorou para não o fazer no exame nacional e com esforço lá consegui. Longe vão os tempos em que as mães de Bragança foram notícia. Não aconteceu nada de especial desde então, até agora. A cidade volta às bocas do povo. Bragança ressurgiu no mapa! ...por causa do cabeça de lista de um partido que não tem cabeça, (...)

Somewhere,somehow....

29.03.25, Mary
Afundei-me na depressão. Perdi o interesse por praticamente tudo. Agora procuro onde me perdi, ou o que me faz falta, no fundo procuro as peças para poder ser quem quero ser daqui por diante. Era muito fácil dizer que terapia e medicação ajudam, mas lá pelo meio não te reconheces nem ao espelho nem nas pequenices do dia a dia. É como se a alma te saísse do corpo. É um buraco negro onde vais parar aos poucos. O tratamento é essencialmente tirar-te de lá, com tudo o que te levou (...)

Brussels, Março de 2011

11.03.25, Mary
Passaram 14 anos. Naquela altura também estávamos em crise política, a troika estava a caminho, José Sócrates por lá em múltiplas reuniões e nós ali, no epicentro de tudo. Fizemos a visita ao parlamento europeu ( aquele todo bonito, em tons de madeira) na altura conhecemos o saudoso Miguel Portas e a Marisa Matias. Estávamos nos locais que viamos na Tv. Parecia inacreditável. Só conseguimos ir até à entrada do edifício da Comissão Europeia, ao Atomium, à porta do estádio (...)

As mães das outras

16.02.25, Mary
Não me lembro de ter um elogio da parte da minha mãe. Estava sempre abaixo das expectativas, podia ser mais girly ou mais sensual ou mais hábil de mãos. O supremo da humilhação foi um dia perguntarem se a minha mãe era minha filha. Juro. Nunca me senti tão mas tão patinho feio. Sentimento que me acompanha até hoje, o de não ser capaz, não chegar a essa meta inverosímil, não ter segurança e confiança em mim mesma e pior é acabar em situações que me deixam na corda bamba, (...)

Não sou boa o suficiente para estar ali

15.02.25, Mary
Voltei ao ativo feliz da vida e esperançosa de ter estabilidade por uns tempos. Voltei para ser diferente, para desta vez ser melhor, ia ser melhor, eu já não era a mesma. Esse é o ponto. Desde o início do ano que são pressões atrás de pressões, estabiliza a depressão, tens de ser mais rápida, tens que fazer por valer a oportunidade que te foi dada. E tantas e tantas vezes a lágrima escapa, pela frustração de não ser o que eles querem, de sentir e saber lá no fundo que no (...)

Mundo meu

11.02.25, Mary
Quando era mais pequena passava na TV uma novela cuja heroína se chamava Rita e veio de França e foi viver com o avô e apaixonou-se pelo Carlos mas a mazona da Sofia também gostava e atanazava a vida da Rita forte e feio. Era passada no Algarve e eu sonhava com aquele mar e a areia e ser alegre como a Rita, eu cá na minha parvónia sem ter visto o mar ao vivo... era aquela vida que sonhava pra mim, assim leve e feliz... sem esta dor na lombar e em ambos os joelhos e sei lá mais onde. (...)

Pragmatismo

09.02.25, Mary
Para o patrão, sou um peso em impostos. Para os RH, um nome na folha de pagamentos. Para o encarregado geral sou um problema e os problemas atiram-se pra canto. Para os colegas, sou a estranha da equipa. Para a equipa sou um suplente que só mostra o que vale quando não houver mais ninguém. Para a família sou a arrogante que não fala a ninguém ou a que devia ter ido para os anjinhos com a mãe. Para os estranhos com que me cruzo sou apenas uma fulana despenteada e mal vestida. E para (...)

Ninguém quer saber

09.02.25, Mary
Vejo-me obrigada a controlar a depressão. Ou isso ou vou para o olho da rua. Falam da doença como se fosse linear, simples e a mesma coisa. Mas não é. E ninguém quer saber. Puseram-me uma lâmina a pairar sobre a cabeça e agora o corpo somatiza. Problemas digestivos, intestinais, sonhos sem nexo. E vejo-me obrigada a ir penar para aquele sítio. Ninguém quer saber. Não vale a pena explicar. Com tanto doente mental admira não haver um estatuto que nos proteja de alguma maneira. Ou (...)

Captain, oh my captain

02.01.25, Mary
Aqui sossegadita no sofá, com a medicação tomada, manta nas pernas, cabeça cansada. Pijama e roupão polar. Tom e Jerry antes de ir para a cama. Cabelo solto. O sono a espreita. E em mim ainda ressoam as palavras do chefe, que fez de mim sub-sub-sub-chefe. A minha sorte é conseguir rir de mim mesma e quando me vejo equipada para trabalhar não me reconheço. Não tenho ambição de poder. Não me sinto poderosa. Não me sinto mais que ninguém. Só que lá consigo ser correta e (...)

Incapaz de...

01.01.25, Mary
Nunca discutimos. Sou sempre eu a falar sozinha, com olhar vazio. Nunca falas, nunca respondes. É um monólogo constante, como se estivesse a desabafar de mim para mim e não a tentar dizer ao homem que ainda amo o que não está bem. Mas nunca tenho contraponto. E a solução é uma solidão que se vai metendo de fininho cá em casa. É o som do vazio cada vez mais notório. Encostas a cabeça, tentas fazer mimo a ver se paro, se me passa. Não passa, é por sal na ferida. É quereres (...)